8.18.2011

«Menina Tradição» foi o título que dei


A dança da roupa com o vento perfuma o recanto com o sabão tão natural da minha infância. Degrau a degrau é uma doméstica correria. Com o “pico pico maçarico quem te deu tamanho o bico” nas lembranças do meu Minho e a cafeteira com café ainda a ferver molho o biscoito e numa trinca saboreio a nossa senhora florescente e muitas fotografias a preto e branco ao lado da prateleira.
Em cima da mesa está uma única peça de roupa, amarelada de tanto tingir, para mais tarde remendar. Talvez depois de um final feliz da telenovela que aquece as rugas de tardes inteiras a cavar e a semear em cada estação vinda.
Num corococó, vindo de lá de fora da minha infância, acordo e fujo sem ninguém dar conta. Consome-me já uma saudade melancólica da tradição que existe à minha volta, como a falta que se sente de alguém que se sabe que se vai perder, mesmo ainda não o tendo, de facto, perdido e ainda o tendo nos braços.

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